Desenvolvimento economico local
Diante da complexidade do tema, começo dizendo que vivemos hoje um período de profundas transformações no sistema capitalista. E essas tais mudanças devem ser entendidas a partir da crise, iniciada nos anos 70, do padrão de acumulação e de regulação da economia, que configurou o longo período de crescimento do pós-guerra. As reformas observadas apontam para uma maior concentração do capital nas mãos de grandes grupos oligopolistas, fazendo com que os estados nacionais fossem perdendo forças quanto a sua capacidade de atuação na economia, agravada, pela desregulamentação do sistema financeiro internacional. Assiste-se, desde então, a um crescente processo de privatizações e desregulamentações nas economias capitalistas, apoiado nos ideais neoliberais, cada vez mais difundidos.
O Estado neo-liberal cumpre um papel importante na recomposição da hegemonia do capital sobre o conjunto da ordem social difundindo diretamente ou por meio de instâncias privadas, os valores do mercado e do individualismo egóico-proprietário, componde-se como um verdadeiro "fascismo de mercado" (para dizer com Lukacs). Embora surja apenas como guardião da propriedade, tentando evitar que a ânsia descontrolada do homem mercantil inviabilize o próprio processo de acumulação, ao contrastar os direitos sociais econômicos dos trabalhadores, o Estado neo-liberal atenta contra o conjunto dos direitos liberais ao permitir que o capital se poste à margem da ordem jurídica da qual foi um dos autores e invista com decisão no tráfico de armas e de drogas, de detritos industriais e na prostituição em massa. O Estado neo-liberal continua sendo um grande consumidor de armas, pois é com elas que defende os interesses do capital, seja internamente ou extra-fronteiras.