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1. INTRODUÇÃO
O interesse que o tema despertou em mim, surgiu, pela minha condição de terapeuta de casal recasado somado a vivência na clínica com casais recasados perpassando as famílias reconstituídas.
Hoje observa-se um número significativo de casais que buscam ajuda psicoterápica por experimentarem dificuldades em relação ao novo relacionamento ou a nova família constituída.
As razões que levam indivíduos recasados a buscarem psicoterapia são diversas, mas é possível perceber através de suas queixas que algumas delas apontam para o que consideram uma inadequação de um dos membros da nova configuração familiar ao tentarem interagir como “uma família”.
É comum, também, a tentativa de atribuição de responsabilidade a um destes membros, pelo que é considerado insucesso na convivência familiar. Ou seja, ao falarem sobre os conflitos e dificuldades que os afligem, eles deixam claro que têm expectativas a respeito da nova família, além da idéia de um modelo familiar que deveria estar sendo seguido.
O modelo de família que permeia o imaginário e as expectativas da sociedade contemporânea como um todo, e da própria família recasada, é o modelo da família nuclear ou família intacta, que compreende o casal e seus filhos biológicos. As expectativas de alcançar este modelo de família, formam parte das dificuldades encontradas pelas famílias recasadas ao tentarem definir seus papéis familiares.
Susan Travis (2003) em sua Tese de Mestrado diz que quando um homem e uma mulher casam-se pela primeira vez, eles levam para o casamento a bagagem emocional de suas famílias de origem. Embora possam ter expectativas e desejos diferentes em relação ao casamento, a experiência é igualmente nova para ambos.
No recasamento essa bagagem é acrescida das experiências vividas no casamento anterior, na separação e, até mesmo, no período de transição entre os diferentes relacionamentos. As experiências, neste caso, são no mínimo assimétricas.
O recasamento