Trabalhos
Parceiros deste equilíbrio na linguagem são os seus personagens. Nada lhes sobra. Suas construções são exatas. No contraponto, suas vidas mostram-se tensas, contidas em um universo do qual foi banida, entre outros componentes, a autocomiseração. Os personagens, na circunstância, não expressam o sentido do pertencimento. Estão sós, emparedados. A expressão dos afetos está interditada. Passar pela vida é sofrer o seu quinhão, a sua cota de dor e silêncio. A voz do narrador não se sobrepõe à destes personagens.
A elaboração desta escrita perfaz outros aspectos ainda, passando por complicadores. Ela desenvolve e privilegia o discurso indireto livre. Seu leitor tem de se acautelar. O acesso facilitado do texto de Amado some da cena.
Na circunstância, o processo narrativo vezes e vezes funde a primeira à terceira pessoa do singular. Em episódios do texto, torna-se difícil apontar o início de uma e o término de outra pessoa. Quem está falando? O narrador ou o personagem? A vertente neorrealista de Carlos de Oliveira bem assimila o procedimento. Passa a representá-lo, a produzi-lo. Seu texto, por isto, é de leitura exigente. Na extensão, quer leitores atentos, capazes de vencer a