Trabalhos
Nas últimas décadas observou-se uma grande preocupação em relação às linhas pedagógicas adotadas pelas instituições escolares. Na Educação Infantil não é diferente. O que se verifica nas creches e pré-escolas são tendências bastante distintas, que, no entanto, podem-se mesclar na prática do dia-a-dia da instituição. Parte significativa das práticas pedagógicas em Educação Infantil tem dificuldade de considerar a criança pequena como um ser capaz e competente. Por isso, afastam o menino e a menina do mundo em que vivem e da cultura em que estão inseridos. Muito difundidas, essas práticas tendem a simplificar os conteúdos e a desconsiderar aquilo que a criança já sabe, imaginando que ela é um receptáculo vazio, que precisa receber as informações lentamente, a conta-gotas. Um exemplo é o repertório musical de instituições de Educação Infantil, pois muitos educadores, ignorando o rico cancioneiro popular brasileiro, ensinam músicas pobres e simplistas para as crianças. Associa-se também a uma concepção ultrapassada de "pedagogia da prontidão", que compreende a pré-escola somente como uma preparação para a alfabetização e o cálculo. Não leva em conta que a criança tem uma maneira lúdica de interagir com o mundo e que a infância é um tempo em si. No outro extremo estão práticas pedagógicas que idealizam a criança, considerando que ela tudo pode e tudo sabe. Segundo essa concepção, a criança é protagonista, e o professor não deve interferir no processo de aprendizagem. Não se valorizam as aprendizagens específicas e de conteúdos. Assim, observa-se a mesma limitação da outra prática, ou seja, não se atua no potencial de aprendizagem da criança. Uma terceira via de ação pedagógica adotada pelas instituições assenta-se sobre a compreensão da importância das funções de "cuidar e educar" como aspectos indissociáveis no trabalho com crianças de 0 a 6 anos de idade. Esse trabalho se fundamenta numa concepção da criança como ser social, histórico, inserido na