TRABALHOS
Há questões conjunturais a resolver, como a pressão sobre o preço da energia. É o assunto da hora. O governo está absorvendo o custo e avaliando como isso será repassado para o preço - rápida ou gradualmente. Mas há questões estruturais. Avançamos na distribuição de renda e criamos uma extensa rede de proteção social. Isso reduziu o grau de desigualdade, desenvolveu o mercado interno. A construção da rede de proteção social implicou um aumento das transferências de renda como porcentual do PIB. Elas eram da ordem de 6,5% e hoje são de quase 10%. Daqui para a frente o desafio, que não é apenas para 2015, mas para ser cumprindo em vários anos, é manter essa conquista e ir além. Não é não voltar atrás. Pode ter alguém que queira voltar o relógio histórico, mas acho impossível e incorreto. Olhando para frente, é preciso ampliar o programa de concessões - e isso vai acontecer - e promover investimentos em tecnologia. Na esfera social, é necessário ampliar gastos com saúde, educação, transporte urbano.
Houve queda na arrecadação porque você teve que adotar uma série de desonerações para estimular a economia e absorver o choque da elevação de alguns preços. Mas há uma parada técnica nas desonerações. A receita tributária tende a subir gradualmente. Como estamos conversando sobre médio e longo prazos, teremos a receita do petróleo. A velocidade em que tudo será feito vai depender da parte macroeconômica - quanto a população está disposta a pagar vai determinar como agir.
O governo precisa ter metas a partir de 2015 para o superávit, para dívida e para gasto público. A gente precisa evitar a profusão de metas para não dar confusão e manter as que existem: meta de inflação, de resultado primário. Propus um intervalo de flutuação no primário - mais para melhorar a comunicação. Na prática, o governo já faz isso. A ideia é: você coloca um intervalo e deu. O mínimo é esse e abaixo disso não cai. O máximo é tanto, porque tem que ter um máximo.