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FALARES RURAIS BRASILEIROS Tânia Ferreira Rezende Santos1

RESUMO: Neste artigo, são esclarecidos e discutidos os conceitos ‘caipira’ e ‘rural’; e apresentadas algumas características lingüísticas de falares rurais, partindo da análise de dados de comunidades rurais goianas – Pombal, Acaba Vida, Porto Leocárdio e Traíras. As características lingüísticas selecionadas para análise e discussão do tema proposto são: (a) variante retroflexa de /r/, o chamado ‘erre caipira’, a vocalização do /lh/ ; (c) permuta de -l por -r; e (d) ordenação dos constituintes nos sintagmas nominais.
Palavras-chave: caipira; rural; conservação.

O presente artigo objetiva, a partir de algumas visões vigentes na literatura lingüística, apresentar e discutir a natureza e caracterização sociolingüística dos falares rurais brasileiros. Para tanto, são analisados alguns traços fonológicos e morfossintáticos, tais como: a realização do ‘erre caipira’, p.e., /caRta/, a vocalização de /lh/, p. e., /paia/ por ‘palha’, a alternância entre -l e -r, p.e., /ingrês/ por ‘inglês, a ordenação dos constituintes na sentença (AN ~ NA). A evidenciação empírica é feita a partir de dados colhidos em comunidades rurais goianas, entre 1996 e 2004, por Hosamis Ramos de Pádua, Marleny Ortega e Tânia Ferreira Rezende Santos, os quais formam parte do banco de dados organizado pelo Núcleo de Estudos Lingüísticos de Goiás (NEL-GO).

Para evitar o uso de símbolos fonéticos e convenções técnicas, específicas da área, na análise dos dados, o R indica a realização do ‘erre caipira” e, em lugar de ‘lh’, será colocada sempre a vogal ‘i’, indicando a vocalização daquela consoante; AN = adjetivo + nome (substantivo); NA = nome (substantivo) + adjetivo.

Esta discussão está apoiada em estudos dialetológicos, sociolingüísticos, sociológicos e antropológicos, e é desenvolvida de acordo com as propostas do Paradigma Dialógico, do Círculo de Bakhtin/Volochinov (REZENDE, 2000); e parte dos seguintes pressupostos: