Trabalhos
Na era musical grega, o uso de sete tons da escala natural era comum, assim como os cinco graus intermediários. Os modos gregos foram criados para que cada canção que o siga, termine na nota correspondente de cada modo, mas esta nota não era um ponto de referência para as demais notas, não havia uma fundamental. O mesmo ocorria na Idade Média e o começo da Idade Moderna, as composições poderiam começar e terminar com qualquer nota, contanto que a melodia e harmonia soassem agradáveis em conjunto. A adoção de uma nota como fundamental que sirva de referência para outras em uma estrutura hierárquica, como diz José Comellas (2010), surge em meados de 1600, respeitando a matemática natural da música. Com este advento, por mais que uma música tenha sido modulada entre tensões e dissonâncias, quando a mesma conclui com a sua respectiva nota fundamental, chamada de tônica, temos a sensação de resolução e conclusão. Existem também diversas possibilidades de resoluções ou estruturas e estéticas musicais diferentes para a conclusão de uma música, mas quando a mesma não termina com a nota fundamental, temos a sensação de corte, interrupção e dificilmente a sensação de que aquela ideia tenha sido exposta e concluída com êxito. O uso de uma nota como fundamental e este nível hierárquico, estabelece notas que possam entrar em concordância ou não com o discurso musical. E para Comello, uma grande obra musical deve ser concluída com a sua nota tônica, para que possamos sentir a emoção e aplaudir com entusiasmo.
Referência: Comellas, José Luis. Historia Sencilla de la Musica. Madrid: RIALP, 2010. Location 1254 – 1361.