Trabalhos
Camilo e Vilela eram amigos de infância – que se reencontram, tempos depois, na capital federal. Este era advogado e aquele “preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público”. Vilela, o magistrado, era casado com “uma dama formosa e tonta”.
Repare que o narrador não só apresenta ironicamente os protagonistas, como também destila seu veneno contra os empregados públicos e as donzelas românticas.
O narrador nos apresenta Camilo como um moço ingênuo, sem experiência, nem intuição, e Rita como uma mulher mais experiente (tinha trinta anos), capaz de incitar o incauto rapaz até mesmo com vulgaridades sublimes num cartão de aniversário.
Seduzido Camilo, “Rita como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca”. Começam, então, a viver as delícias do amor até que Camilo começa a receber cartas anônimas e a rarear as visitas à casa do amigo Vilela, que começa a se mostrar desconfiado.
A narrativa atinge o ponto máximo quando Camilo recebe o seguinte bilhete de Vilela: “Vem já, já, à nossa casa, preciso falar-te sem demora”. Depois de hesitar, decide ir à casa do amigo, encarar a verdade dos fatos. Entretanto, a condução que tomara tem seu caminho bloqueado próximo à casa da cartomante que Rita consultara. Vem, então, a Camilo, uma vontade de sondar a pitonisa para tentar adivinhar quais seriam as intenções de Vilela. A cartomante infla a alma do jovem de esperança e diz que Vilela “ignorava tudo”, mas que era preciso ter cautela.