Trabalhos
ENTRE OS CRESCENTES problemas enfrentados pela Amazônia, o desmatamento tem sido o mais visível e agudo, provocando debates intensos em várias frentes da sociedade brasileira e na comunidade científica e acadêmica em geral (Câmara et al., 2005; Bruna e Kainer, 2005; Soulé, 1991). Apesar da grande controvérsia envolvida, ainda é consenso, ou quase isso, que as unidades de conservação são uma importante medida de proteção e conservação da biodiversidade em tempos de grande ameaça (Laurance et al., 2004). As unidades de conservação, especialmente aquelas de uso sustentado, têm assumido naturalmente um papel fundamental na conservação da biodiversidade na Amazônia
(Kitamura, 2001). A necessidade de utilização dos ambientes protegidos e de seus recursos naturais pelas populações que habitam a Amazônia deixam claro que as unidades de conservação de proteção integral, por mais necessárias que sejam, nem sempre consistem na melhor estratégia para proteger boa parte da biodiversidade que se encontra em áreas de ocupação tradicional ou em áreas de alta densidade populacional humana. Na tentativa de viabilizar este aparente dilema, algumas formas recentes e alternativas de gestão e manejo de unidades de conservação de uso sustentado, particularmente na Amazônia, têm produzido grandes resultados nos últimos quinze anos (Allegretti, 1994; Lima-Ayres, 1994;
Ayres et al., 1996). Dentre os modelos de conservação da biodiversidade em unidades de conservação de uso sustenteado que foram desenvolvidos neste período, podem ser destacados o de criação e manejo de reservas extrativistas (Allegretti,
1992) e o de criação e manejo de reservas de desenvolvimento sustentável (Queiroz,
1994).
Em 1996, a Reserva de Desenvolvimento Sustentável (RDS), então uma nova categoria de unidade de conservação ainda inédita no país, foi criada no
Estado do Amazonas, e foi posteriormente incorporada ao Sistema Nacional de
Unidades de