Trabalhos
Marisa Speranza
A Gestalt terapia é uma abordagem que traz em si, várias influências, tanto de outras abordagens, como de pensamentos filosóficos e de pessoas.
A história conta que o pai da Gestalt terapia , Fritz Perls, nascido em Berlim em 1893, formado em Medicina e também psicanalista, possuía um dom muito especial de olhar e enxergar as pessoas e um forte temperamento, que era marcado pela criatividade e ousadia. Neste texto, quero ressaltar a Gestalt terapia a partir do ponto de vista do encontro clínico de duas pessoas historicamente diferentes entre si, em seus papéis definidos, com intuito de crescimento e aprendizagem mútua. A criatividade, a partir das sensações, dos sentimentos e da formação da figura que se sobressai de um fundo, baseia-se num contato alerta que ambos necessitam para que o processo pulse.
Um encontro entre terapeuta e cliente baseia-se no respeito, na ética e na possibilidade de capturar e alargar os instantes. O "aqui-e- agora", conceito tão importante para a Gestalt terapia é a vivência baseada no que estou "vivendo nesse momento", que não exclui o passado e o futuro. É a presentificação do momento vivido. Para mim, a perda do encontro que tem como finalidade a expansão, baseia-se no excesso de racionalidade. A razão, supervalorizada desde Sócrates, faz com que outras dimensões de nós mesmos fiquem de fora, causando-nos uma espécie de abandono de partes que nos constituem.
Nietzsche, pensador que, no meu entender, influenciou a Gestalt terapia, tinha como objetivos em o "Nascimento da Tragédia", seu primeiro livro, "a crítica da racionalidade conceitual instaurada na filosofia por Sócrates e Platão; a apresentação da arte trágica, expressão das pulsões artísticas dionisíaca e apolínea, como alternativa à racionalidade" (Machado R. em "Zaratustra Tragédia Nietzschiana - p. 11).
A partir daí, o meu olhar da Gestalt terapia é querer colocá-la no lugar da Arte. Para isso, a questão é