Trabalhos
Antes da década de 1980, a atuação profissional dos assistentes sociais se caracterizava, sobretudo, por posições reativas e de adaptação passiva à realidade. A partir do final da década de 1970 e início da década de 1980, o Brasil vivia um processo sociopolítico que exigia posicionamento político e afirmação clara de compromisso com relação aos interesses sociais em disputa. De um lado, os interesses das classes dominantes, representados e defendidos pelo Estado e suas instituições. De outro, os interesses dos trabalhadores e da maioria da população excluída econômica, social, cultural e politicamente. E os assistentes sociais, por sua vez, na condição de agentes institucionais operadores das políticas sociais públicas, tinham a função de mediar esses interesses contraditórios e de administrar os conflitos gerados. A ruptura se deu com o “Congresso da Virada” (novembro de 1979), como resultado do acúmulo de forças que vinha sendo construído ao longo do processo de organização política da categoria e de preparação do III CBAS (Congresso Brasileiro de Assistentes Sociais). Esse Congresso, portanto, foi um marco na história do Serviço Social no Brasil, a partir do qual o projeto profissional começou a ser repensado, não só por força das transformações em curso na sociedade brasileira, mas também em razão das contradições existentes no seio da própria profissão. Contradições essas que se explicitaram de forma aguda, ao se confrontarem durante os debates realizados no Congresso. O Brasil na década de 1980 passou por grandes e profundas transformações tanto no âmbito econômico – mudanças caracterizadas principalmente pela recessão econômica vívida no momento, ampliando a dívida externa – quanto no âmbito político – transição de regime político, antes ditadura e caminhando para um modelo democrático e liberal. Essas transformações ocorreram simultaneamente e o período foi evidenciado pelo contraste entre as