Trabalhos escolares

Hegel: o desejo e a luta por reconhecimento.

1. Hegel vs Kant: a razão é um fato?

Hegel critica a Kant em seu fundamento mais precioso: a noção de Razão. Com efeito, vocês devem recordar que, para Kant, todo ser racional é autônomo, isto é, ele é capaz de se autoimpor uma lei. Isso, contudo, não levava Kant a nenhum relativismo moral (cada um fazendo o que bem entendesse como bom, cada um, por assim dizer, com sua lei moral privada), mas, ao contrário disso, todos os seres racionais deveriam se submeter a legislação da própria razão universal que, sendo a mesma em todos os indivíduos, ordenaria a todos o mesmo: "age de tal modo que a máxima de tua vontade possa valer sempre e ao mesmo tempo como princípio de uma legislação universal", ou mais simplesmente, aja sem que sua vontade seja contraditória. Em suma, para Kant, a razão é um fato (Kant fala em fato da razão: é um fato que todos os seres racionais possuam a mesma racionalidade). E como tudo na natureza, a própria razão teria suas regras. As três regras principais da razão seriam as seguintes:

Lei da identidade: A=A.
Lei da não contradição: A expressão "A e não-A" é impossível.
Lei do terceiro excluído: Ou A ou Não-A, não há uma terceira opção.

De modo que, Kant pressupõe uma noção de razão baseada nestas três regras como um fato universal entre todos os seres racionais. Ora, é justamente essa noção de razão que Hegel não concederá ao argumento de Kant. Para Hegel, tudo na razão deve ser fundamentado racionalmente, donde nem mesmo essas três regras possam ser assumidas como universalmente válidas, antes de uma demonstração suficiente. No entanto, Hegel não pretende fundamentá-las, mas superá-las.
Hegel pretende nos ensinar um modo radicalmente novo de pensar, um modo no qual a contradição (A e não-A) não seja um vício do pensamento, mas algo da essência dessa atividade. Para que o projeto de Hegel torne-se um pouco mais claro, retomemos um problema que enfrentamos ano passado: a querela entre