Trabalho
Filme: A História Oficial Ano: 1985 País: Argentina Direção: Luis Puenzo
A História é a memória dos povos. É com frases como essa que se inicia o filme ganhador do único Oscar latino-americano e que tem como pano de fundo uma das ditaduras militares mais atrozes do continente, em que se contabiliza em torno de 30 mil argentinos mortos e desaparecidos até o fim do regime, segundo estimativas de grupos de direitos humanos. A frase é dita pela professora Alícia, mulher conservadora, mãe de uma menina adotada 5 anos antes e casada com o diretor de uma empresa que possui ligações com o regime militar. O filme apresenta as contradições na vida das personagens principais, pois enquanto aparentemente representam uma típica família burguesa sem grandes dilemas- imagem utilizada, inclusive, para a divulgação do filme com os três personagens alegres e abraçados- no âmago, vão surgindo problemas originados de uma mentira e a história oficial que marca a vida das personagens vai ruindo para descortinar aquilo que não se encontra nos livros. A volta de uma amiga que passou alguns anos no exterior suscita em Alícia algumas dúvidas sobre a origem do bebê que seu marido lhe trouxe quando ficou clara sua esterilidade. A amiga de nome Ana conta os detalhes de seu cárcere, os momentos de tortura e como muitas mulheres tinham filhos em cativeiro e acabavam sendo separadas deles. Assim, Alícia começa uma saga em busca de informações dos verdadeiros pais da filha Gaby. Enquanto a personagem realiza sua busca, cenas muito interessantes e detalhes importantes vão transcorrendo na tela.
A ligação do marido com o regime fica cada vez mais evidente quando ele começa a ficar preocupado com uma possível denúncia e mostra-se cada vez mais nervoso em algumas passagens do filme. O relacionamento dele com o pai também evidencia sua implicação na ditadura, pois o próprio pai, um velho anarquista que vive em condições financeiras muito inferiores ao do filho deixa claro que sabe de