Trabalho
Iracema de José de Alencar foi publicada pela primeira vez em 1865, esta é considerado por muitos como um poema em prosa. O livro conta a triste história de amor entre a índia tabajara Iracema, a virgem dos lábios de mel e Martim, primeiro colonizador português do Ceará. O assunto do livro conta também a história da fundação do Ceará e o ódio de duas nações inimigas (tabajaras e pitiguaras). Os pitiguaras habitavam o litoral cearense e eram amigos dos portugueses, os tabajaras viviam no interior e eram aliados dos franceses.
Iracema representa, simbolicamente, a América, cuja história se inicia pela exploração de suas riquezas pelos colonizadores ocidentais, os quais são representados no romance por Martim. Em nome do amor, Iracema abandona sua tribo: “– A filha dos tabajaras já deixou os campos de seus pais.” (Cap. 17); por isso, vai assumir pesado ônus; e mais: Iracema vai morrer como conseqüência última de seus atos, em razão de seu amor por Martim, conforme se vê no seguinte trecho: “– Iracema não se ergueu mais da rede onde a pousaram os aflitos braços de Martim. O terno esposo, em que o amor renascera com júbilo paterno, a cercou de carícias que encheram sua alma de alegria, mas não a puderam tornar à vida: o estame da flor se rompera.” (Cap. 32).
O termo Iracema significa “lábios de mel”, e expressa toda uma conotação de pureza, de submissão, de meiguice e de formosura, o que vai se coadunar com o pensamento de exaltação do índio. Esta é apresentada também como muito ativa, cheia de vitalidade, de energia, como no trecho: “[...] ela era mais rápida que a ema selvagem [...]” (Cap. 2). Também essa característica positiva de Iracema reforça o objetivo do texto alencarino: o de exaltar o índio brasileiro. Iracema é descrita com a máxima beleza romântica, como na seguinte passagem: “Iracema, a virgem dos lábios de mel, que tinha os cabelos mais negros que a asa da graúna e mais longos que seu talhe de palmeira”