Trabalho
Heitor Costa Lima da Rocha & Rafael Salviano Marques Marroquim
E-mail: heitor@nlink.com.br, rafael_marroquim@yahoo.com.br
O
noticiário está imerso na realidade interpretada pelos homens e subjeti- vamente dotada de sentido para eles na medida em que forma um mundo coerente. A formação desse presente comum, no entanto, cria, em determi- nadas situações, fendas na constituição tanto de técnicas quanto no campo do discurso dos meios que contribuem para o desenvolvimento de fossos da notí- cia. No caso específico da análise no campo político - com o envolvimento de atores como movimentos sociais, sociedade civil e os profissionais políticos -, essa disrupção aponta para uma das causas da falta de participação política e também da ausência de crítica com o reforço em mesmos âmbitos discursivos
(pseudo-polifonia de fontes).
Ao ambientarem a política sob a lógica do input dos votos e do output do poder (modelo liberal de democracia), os periódicos criam as primeiras fen- das na formação do que denominamos de fosso político da notícia. A estrutura informativa deste tipo de cobertura – com recorrência às fontes oficiais, foco nas intrigas ‘palacianas’ do parlamento, ausência de debate e crítica no trata- mento de certos temas -, deixa rastros de uma autonomização dos represen- tantes (profissionais políticos) ante a ação dos representados. Neste sentido, o papel do cidadão consiste em escolher periodicamente os seus representantes, restrito ao sustentáculo liberal do voto e não necessitando se envolver direta- mente na esfera pública política.
Em ângulo oposto, encontra-se a ampliação dessa arena de visibilidade da vida coletiva compartilha a partir de uma noção mais abrangente da ativi- dade política e de inclusão que, como procedimento, prevê a deliberação entre atores, o diálogo político. Na concepção deliberativa