trabalho
A obscuridade com a qual o tema foi tratado até então despertou a nossa curiosidade para com a revolta da Balaiada. Dentre as rebeliões regenciais - Cabanagem, Sabinada, Farroupilha e Balaiada -, esta última foi tratada de forma secundária ao longo da historiografia nacional.
Fabricantes de Balaios
No decorrer do presente estudo, constatamos o desencontro de fontes e datas, bem como a inexpressiva disponibilidade documental. Apesar das dificuldades bibliográficas, o estudo desse movimento mostrou-se surpreendente, intrigante e enriquecedor, na medida em que preencheu as lacunas do nosso conhecimento sobre o período.
O trabalho nos revelou agradáveis surpresas, pois a revolta foi um movimento ímpar devido as suas peculiaridades, como a heterogeneidade de interesses, responsáveis pela fragilidade ideológica do mesmo. Daí o porquê de nos referirmos à revolta como "Balaiadas", pois esta é uma forma de expressar a pluralidade do movimento, ou seja, uma rebelião constituída em seu interior por levantes distintos. Algumas das diversas rebeliões regenciais, que eclodiram quase que simultaneamente CONTEXTO NACIONAL – ECONOMIA, POLÍTICA, PODER
Permaneciam o comércio grosso e o comércio a retalho controlados por portugueses, enquanto seus novos rivais, os ingleses, detinham os negócios de exportação e importação agrilhoando a economia nacional. A expansão do capitalismo no Brasil ia afastando os portugueses das sólidas posições que haviam ocupado desde então. Reinava o descontentamento tanto entre os lusitanos, que passavam a segundo plano no mundo dos negócios, como entre os agricultores brasileiros, esmagados pelos juros impostos por seus novos credores, pela desvalorização dos produtos tradicionais no mercado internacional e pelo encarecimento do escravo impulsionado pela determinação inglesa de extinguir o tráfico negreiro.
Com o avanço do capitalismo, a formação do mercado de trabalho imporia a alienação dos poucos direitos que o sertanejo