Trabalho
O primeiro volume de um dos centrais projetos editoriais da Boitempo, acalentado por mais de uma década, finalmente chega às livrarias brasileiras com primorosa apresentação de José Paulo Netto e tradução direta do alemão por Mario Duayer e Nélio Schneider, acrescida da tradução de Carlos Nelson Coutinho, introdutor de Lukács no Brasil e profundo conhecedor de sua obra, baseada na edição italiana. O texto contou também com uma minuciosa revisão técnica de Ronaldo Vielmi Fortes, auxiliado por Ester Vaisman e Elcemir Paço Cunha.
A tomada de posição ontológica marxiana tem início nos anos 1930, quando o filósofo segue da Hungria para Moscou. No Instituto Marx-Engels-Lenin faz um mergulho definitivo nos Manuscritos econômico-filosóficos do jovem Marx. Mas, se a guinada ontológica de Lukács acontece ainda na juventude, marcando todos os seus escritos dos quarenta anos seguintes, é na maturidade, nos anos de 1950, que lhe ocorre a necessidade de desenvolver uma sistematização categorial das reflexões que vinha fazendo sobre arte e literatura. Retira-se então da vida política para dedicar-se à elaboração dos volumes que compõem a Estética.
Sua finalização aponta para o projeto de uma Ética; antes, porém, era preciso definir o sujeito capaz de assumir um comportamento verdadeiramente ético. Vêm daí as motivações que impeliram Lukács a trabalhar tão arduamente, ao longo de toda a década de 1960, nos manuscritos de Para uma ontologia do ser