Trabalho
Vertentes analíticas na sociologia do trabalho* Nadya Araújo CastroAntônio Sérgio Alfredo Guimarães O livro de Braverman (1977), Trabalho e capital monopolista, foi sem dúvida seminal. Com ele renovouse uma disciplina, cujo objeto se espraiara paulatinamente por diversos campos teóricos, sob diferentes enfoques (Littler, 1990). Braverman elaborou uma teoria simples, elegante, totalizadora, que permitiu relacionar fenômenos aparentemente tão descontínuos como o ‘absenteísmo’, a ‘administração científica’ e a ‘restrição de produção’. Segundo essa teoria, a lógica do processo de trabalho capitalista seria dirigida por uma finalidade clara - garantir a conversão de força de trabalho em trabalho real - sob condições que maximizassem a acumulação de capital. Dessa finalidade seguiam-se, como corolários, duas tendências: a imanente separação entre trabalho mental (concepção) e manual (execução) e a conseqüente desqualificação do trabalhador. Apesar da evidente simplificação, nenhuma outra teoria rivalizou em abrangência e generalidade. Isso se deveu, em parle, ao fato de que os dois problemas fundadores - o do controle e o da desqualificação - eram ambos derivados da teoria marxista além depois de Burawoy: do valor. O primeiro decorre da distinção estabelecida por Marx entre ‘trabalho’ e ‘força de trabalho’. Esta é teoricamente assimilada a uma mercadoria, sujeita às condições de troca em mercado, enquanto o trabalho é conceituado como o consumo de força de trabalho, que se dá fora do mercado, no ‘recôndito domínio da produção’. Esse mundo privado requer a imposição de disciplina rígida e de hierarquia estrita. O segundo problema é conseqüência do primeiro. Para Braverman, o único meio de impedir o domínio dos trabalhadores sobre o processo de trabalho (e, portanto, sobre o dispêndio da força de trabalho) seria quebrar a unidade natural do trabalho, separando concepção e execução. Para