Trabalho
No entanto, nenhuma dessas formas de buscar a felicidade é perfeitamente segura, nem mesmo a religião.
Capítulo III
Duas das três formas de infelicidade (poder superior da natureza e a fragilidade de nossos próprios corpos) nos forçam a reconhecê-las e a se submeter ao inevitável. Já a terceira fonte, a fonte social de sofrimento, não a admitimos, não entendemos por que os regulamentos estabelecidos por nós mesmos não representam, ao contrário, proteção e benefício para cada um de nós. Podemos perceber aqui que há também uma parcela da natureza inconquistável, dessa vez uma parcela de nossa própria constituição psíquica.
Há um argumento que diz que a civilização é a grande responsável por nossas desgraças e que seríamos muito mais felizes se voltássemos à vida primitiva. No entanto todas as coisas que buscamos para nos proteger da infelicidade são oriundas da civilização.
A origem da insatisfação com a civilização vem então de alguns acontecimentos históricos específicos. Um desses fatores pode ser o relacionamento hostil do cristianismo com as religiões pagãs, e sua posterior vitória sobre estas. Outra ocasião foi quanto o progresso das navegações conduziu o contato com raças e povos primitivos. A última ocasião foi quando as pessoas tomaram conhecimento das neuroses, que ameaçam solapar a pequena parcela de felicidade do homem civilizado. -> “descobriu-se que uma pessoa é neurótica porque não pode tolerar suas frustrações que a sociedade lhe impõe, a serviço de seus ideais culturais, inferindo-se disso que a
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por Diogo Leite
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abolição ou redução dessas exigências resultaria num retorno a possibilidades de felicidade.”
Outro fator de desapontamento é o crescente poder sobre a