Trabalho
Mudar de escala, em certo sentido, implica em olhar algo de outro modo, mas, então, esse algo já não será o mesmo, aparecerá com nova fisionomia, dentro de outro contexto. Quando penso em mim no interior de minha família ou do bairro onde resido, considero-me uma pessoa rica, se amplio a abrangência (aumento a escala) do meus raciocínios e me situo no interior da comunidade dos descendentes de italianos ou da cidade onde moro, considero-me uma pessoa pobre. O Morro das Cabras é um dos lugares mais altos do relevo de Campinas, porém, no contexto do relevo do estado de São Paulo, é um lugar de altitude média. A construção da ponte Rio-Niterói, durante o regime militar, na década de 70 do século XX, teve fortes e variados significados, não necessariamente os mesmos nas diversas escalas: localmente, representou uma grande intervenção na paisagem e maior rapidez nos deslocamentos, por exemplo; em escala nacional, foi apresentado como grande feito do regime, da nação, revestindo-se, então, de um caráter também turístico. Situações, problemas, processos, fenômenos e lugares mudam de sentido quando é alterada a escala de análise. Pensar em várias escalas nos leva a relativizar os sentidos das coisas, a reavaliar sua importância, problematizando, matizando, construindo novos julgamentos. Esses raciocínios por escala quebram a lógica do pensamento binário simplista, aquele que somente lida com sim ou não, com é ou não é, com classificações estáticas e permanentes (naturalizadas), do tipo fulano é rico e beltrano é pobre, tal lugar é alto ou baixo. Raciocinar por escala é exercer o pensamento, mas localizando-o claramente em um contexto. É dizer “fulano é rico pois é o único do bairro que tem carro ´do ano`” (ou seja, no contexto do bairro, ele tem algo que os demais não possuem, daí a classificação “rico”). A identificação do contexto permite que as pessoas logo reflitam, por exemplo, nos seguintes termos: “para a