TRABALHO
Trabalho
O principal divisor de águas entre os economistas reside nas suas "crenças" sobre o problema do desemprego involuntário. De um lado, estão os que acreditam que, deixado este a si mesmo, os mecanismos de mercado, com tempo suficiente, tendem a eliminá-lo. De outro, os que não acreditam nessa tendência natural: deixado a si mesmo, sem a intervenção do Estado, ele pode perpetuar-se por falta de demanda efetiva.
A experiência que estamos vivenciando sugere que os fatos recusam muito mais a primeira hipótese que a segunda.
Nossa atual organização social é produto de um processo histórico. O homem, ao construir o mundo, com seu trabalho, exerce uma pressão seletiva no sentido de aumentar a sua liberdade de expressão, o que exige cada vez mais eficácia produtiva.
Há uma evolução simultânea, civilizatória e quase biológica que amplia o altruísmo e a solidariedade social exatamente porque a cooperação é mais "produtiva" e libera mais tempo para a expressão criativa do homem.
Uma das construções mais impressionantes de Marx é a sua leitura do papel do trabalho nos "Manuscritos", de 1844, antes de ele ter sido seduzido por Ricardo. O trabalho é o processo pelo qual o homem se produz e projeta para fora de si as condições de sua existência e a sua capacidade de transformar o mundo.
No atual estágio evolutivo, a sociedade se divide entre os que têm capital (e "empregam" o trabalho em troca de salário) e os que detêm a força de trabalho (e só podem utilizá-la "alugando-a" ao capital em troca de salário).
Com as políticas sociais, o Estado do Bem-Estar transformou (transitoriamente!) o sistema salarial alienante de Marx no símbolo da segurança do trabalho. Ele dá, por sua vez, a garantia para o funcionamento das instituições da nossa organização social, particularmente os mercados e a propriedade privada.
Os economistas precisam incorporar, como disse Mauss ("Sociologie et Anthropologie", 1950), que o trabalho é o "fato global". O