Resenha A Sangue Frio
A frieza está no sangue
É numa pacata cidade do interior do estado do Kansas, nos Estados Unidos, que se passa um dos livros mais intrigantes que já li. Iniciei a leitura atraída pelo título e esperando encontrar mais uma daquelas histórias policiais de suspenses comuns, revelações e finais já esperados. Mas posso afirmar que me enganei.
A trama traz a real história do assassinato dos quatro membros da respeitada família Clutter no final da década de 50. Truman Capote teve conhecimento do crime através de uma pequena notícia no jornal New York Times e interessou-se pelo desenrolar do caso. A Sangue Frio percorre desde os planos até a execução final da chacina, conta com depoimentos dos criminosos, dos investigadores, dos 270 habitantes da cidade, horrorizados com a insensibilidade do ocorrido, e remonta a fuga da dupla de assassinos até a condenação à morte. A empolgante narrativa, um romance de não ficção, segundo o próprio autor, aguça a curiosidade dos leitores, que passam a devorar as páginas querendo descobrir sempre mais e mais.
A produção do livro deu trabalho, foram mais de 6 anos preso nas investigações. A minuciosa checagem de fatos concedeu a obra uma riqueza de detalhes absurda. Fato esse, que torna a leitura de algumas partes cansativa por ser repleta de descrições. Porém, os detalhes nos fornecem todo o necessário para a construção das cenas em nossas mentes, tornando-as ainda mais reais e levando a compreensão do choque dos habitantes da tranquila cidade do Kansas.
O perfeito e exato relato dos fatos me fizeram, muitas vezes, esquecer de que se tratava de uma história que realmente aconteceu. O livro, como representante do romancerreportagem, se apoia na ficção para abranger melhor a realidade, transforma um caso real em literatura, podendo-se muitas vezes enganar o leitor desatento. A objetividade do crime se mistura com a força da imaginação de Truman Capote e confere caráter ficcional ao