trabalho
EnModa - EAD
A geração romântica
Como a série Crepúsculo reformulou, para os adolescentes de hoje, o ideal do amor romântico – aquele ancorado num laço sublime, e não no desejo carnal
Anna Paula Buchalla
Fotos Lailson Santos
Um homem difícil de encontrar
É nas telas do cinema – ou melhor, em Edward, o vampiro-galã de Lua Nova – que a estudante
Mariane Rodrigues Monteiro, de 14 anos, busca inspiração para o seu próximo e tão sonhado romance. "Espero ser tratada como Bella – com proteção, respeito e responsabilidade. Toda mulher sonha encontrar alguém de jeito doce e cativante. Alguns meninos até tentam alcançar essa perfeição, mas quem consegue?", diz.
Ah, o amor... Como diria o compositor Cole Porter, até "moscas bem-comportadas" se apaixonam.
Mas, ao contrário das moscas, que conhecem uma única dança de acasalamento, o homem desenvolveu mil maneiras de expressar culturalmente essa emoção. O amor romântico foi uma de suas invenções mais notáveis. Sim, invenção, como demonstram fartamente críticos e historiadores.
"Ele nasceu no Ocidente, muito ligado a obras de arte, e projeta uma relação especial entre duas pessoas, mais sublime e menos pautada pelo desejo sexual", diz William Reddy, professor de história e antropologia cultural da Universidade Duke, nos Estados Unidos, e especialista nesse tema. Ao longo de séculos, a literatura teve um papel fundamental na criação da ideia de amor romântico. Os trovadores medievais foram os primeiros, nas delicadas cantigas que dedicavam às damas da corte (veja o quadro). O conceito se cristalizou no século XIX, no movimento propriamente batizado de romantismo. O livro-marco é Os Sofrimentos do Jovem Werther, de Goethe, história de uma paixão tormentosa e não consumada. Mais do que retratar um comportamento já disseminado,
Werther levou toda uma geração de jovens a sentir o mundo em seus termos (o efeito colateral indesejável foi a epidemia de suicídios que varreu a Europa – já