trabalho
Sua história se passa em 1973, quando o Chile vive uma situação conturbada, em pleno governo de Salvador Allende. Há passeatas em defesa do seu governo, em defesa do socialismo, e outras, organizadas pela direita nacionalista que quer retomar o poder.
Gonzalo é um garoto de classe média-alta que estuda no Colégio Saint Patrick, o mais conceituado da capital, Santiago. O padre McEnroe, diretor do colégio, pelo governo Allende, aplica uma política para que alunos pobres estudem no Saint Patrick. Um deles é Pedro Machuca. A partir de uma briga na escola, surge uma amizade entre os dois garotos.
As aproximações e distanciamentos que ocorrem a partir da diferença de classe dos meninos são a chave da trama.
Quando Friedrich Nietzsche (1844-1900), em sua Genealogia da Moral (1887), identifica o cristianismo como um movimento de profunda transvaloração dos valores nobres e guerreiros, estamos diante de um diagnóstico que, para dizer o mínimo, justifica a divisão de nossa era em tempos a. C. e d. C..
Os últimos serão os primeiros e os primeiros serão os últimos. (Mateus, 20, 16)
Se lançarmos tal máxima de Cristo contra a vontade de poder de Júlio César, entreveremos duas esferas de valores que parecem estar em galáxias distintas.
César é o todo-poderoso, o comandante, o guerreiro, o comandante dos guerreiros. O bem-nascido. Ser nobre equivale a ser forte. Ser forte equivale a ser o melhor. O aristocrata Júlio César olha para a massa por sobre seus ombros laureados e “naturalmente” superiores. Se todos os caminhos de fato levam a Roma, os últimos não apenas não serão os primeiros. Eles nunca serão.
Cristo é o filho do carpinteiro José, aquele que lava o pé de seus apóstolos. Aquele que procura trazer o perdão ao invés da retaliação. A transformação dos ímpetos ao invés do farisaísmo de César. Cristo não pergunta pelos mais fortes e pelos melhores. Quando o judeu Jesus Cristo rompe o