trabalho
O Semeador de Ideias
Sempre me fascinou estudar seres humanos que marcaram a história da humanidade. Alguns pelo o seu imaginário, como Newton, Einstein e Freud; outros pela sua determinação estratégica, como Lincoln, Churchill, e Martin Luther king; outros pelo poder do silêncio e da sensibilidade, como Maria, Gandhi e Confúcio; outros, ainda, pelo poder influenciador das palavras, como Moisés, Voltaire e Marx. Quando pensava que ninguém mais me surpreenderia, eis que encontrei um homem de cabelos revoltos, roupas rasgadas e remendadas, um verdadeiro maltrapilho, sem qualquer glamour social, mas que, apesar disso, abalou minha mente e me atraiu com seu magnetismo intelectual. Encontrava-me nos vales mais profundos da dor psíquica. Cativado, passei a segui-lo, não como um religioso ou um idealista político, mas como uma fonte borbulhante de indagações e como engenheiro de idéias. Caminhei ao seu lado, correndo todos os riscos possíveis e imaginários. Eu, um professor doutor em sociologia, escritor, especialista em marxismo, orientador de teses, ao andar com ele, descobri alguns dos meus fantasmas. Era um ególatra. Não era um alcoólico, mas vivia embriagado com meus títulos e conhecimento acadêmico. Sabia mais do que pares sobre socialismo, relação capital-trabalho, socioeconomia dos grandes impérios. Era um expoente na universidade, sabia conviver com livros, mas não com seres humanos. Sempre fui tenso, irritadiço, impulsivo, intolerante. Resiliência quase zero. Não aceitava ser contrariado, criticado, confrontado. Amava expor as falhas alheias, mas escondia as minhas debaixo do tapete da minha intelectualidade. Humildade e sensibilidade não faziam parte do dicionário da minha existência. Certa vez, o maltrapilho olhou bem nos olhos, como se estivesse penetrando na minha mente e desvendando meu passado turbulento, e me advertiu, assim como aos demais discípulos:
---- A humanidade não