trabalho
Desde as capitanias hereditárias, a estrutura fundiária brasileira vem sendo mantida pelos mais altos índices de concentração do mundo. Esse modelo sempre se impôs por meio do poder e da violência. O Brasil convive historicamente com uma formação social e econômica que produziu e reproduz até os dias de hoje a pobreza e a exclusão social no campo.
A questão da terra no Brasil é consequência do complexo processo de colonização, ocupação territorial e do avanço do modo de produção capitalista no campo, que, por séculos, tem se apropriado dos meios de produção, gerando problemas estruturais na sociedade e revelando sua face perversa: a expropriação; o desemprego, a concentração fundiária e de renda; a exclusão e a exploração.
Existem mais de 355 milhões de hectares prontos para a agricultura no país, uma área enorme que equivale aos territórios da Argentina, França, Alemanha e do Uruguai somados, mas só 72 milhões são utilizados, ou seja, 20% dessa terra tem algum tipo de plantação, enquanto os Estados Unidos detêm 270 milhões de hectares e utiliza 175 milhões (65% das terras aráveis). No Brasil, cerca da metade dessa terra destina-se à criação de gado.
Por trás de tanta terra esconde-se outro problema agrário brasileiro, conforme análise do deputado federal Arthur Bruno. Na verdade, 83% das propriedades são de até 100 ha e perfazem uma área de 20%, enquanto 1,6% das propriedades está acima dos 1.000 ha, ou seja, 47% do total, quase metade da terra cultivável nas mãos de poucos proprietários. Na verdade, o problema agrário no país está na concentração de terra, uma das mais altas do mundo, e no latifúndio que pouco produz. Em comparação com os vizinhos latino-americanos, o Brasil é um campeão em concentração de terra.
Segundo o MST, há, hoje, no país, 4,8 milhões de famílias sem-terra, o que corresponde a 12 milhões de pessoas vivendo à margem da sociedade. Portanto, a