Trabalho
Exercício físico, hipertensão e controle barorreflexo da pressão arterial
Carlos Eduardo Negrão, Maria Urbana P. Brandão Rondon
Resumo
O exercício físico agudo e crônico, desde que adequadamente planejado quanto a sua duração e intensidade, pode ter um efeito hipotensor importante, em animais geneticamente hipertensos e em humanos com hipertensão arterial essencial. Uma única sessão de exercício físico prolongado de baixa ou moderada intensidade provoca queda prolongada na pressão arterial, no período pósexercício. Esta queda depende de diminuição do débito cardíaco, associada à redução do volume sistólico. Quanto ao exercício físico regular, o treinamento físico de baixa
intensidade provoca redução do tônus simpático no coração e, em conseqüência, bradicardia de repouso. Estas alterações levam à diminuição do débito cardíaco e da pressão arterial. Além disso, o treinamento físico de baixa intensidade melhora a sensibilidade barorreflexa, em ratos espontaneamente hipertensos, o que é, em grande parte, devido ao aumento da descarga do nervo depressor aórtico durante variações da pressão arterial. Finalmente, para se atingir os efeitos hipotensores desejados, o treinamento físico tem de ser realizado em baixa intensidade, uma vez que o treinamento físico de alta intensidade não provoca diminuição na pressão arterial em ratos espontaneamente hipertensos.
Palavras-chave: Exercício; Hipertensão arterial; Controle barorreflexo.
Recebido: 20/9/00 – Aceito: 1/11/00
Introdução
Ao longo dos últimos anos, nós temos nos ocupado em estudar os efeitos agudos e crônicos do exercício físico na pressão arterial, bem como os mecanismos que norteiam esses efeitos do exercício na pressão arterial.
A partir desses estudos, aprendemos
Rev Bras Hipertens 8: 89-95, 2001
que o exercício físico regular, desde que adequado, pode influenciar, sobremaneira, a hipertensão arterial, e que esse ajuste na pressão arterial depende de mecanismos