trabalho
“A proposição de Tales de que a água é o absoluto ou, como diziam os antigos, o princípio, é filosófica: com ela, a filosofia começa, porque através dela chega-se á consciência de que o um é a essência, o verdadeiro, o único que é em si e para si. (...). Os gregos consideraram o sol, as montanhas, os rios, etc., como forças autônomas, honrando-os como deuses, elevados pela fantasia à condição de seres ativos, móveis, conscientes, dotados de vontade. Isto cria em nós a idéia da pura criação pela fantasia – animação infinita e universal, figuração, sem unidade simples. Com a proposição de Tales silencia-se a imaginação selvagem, infinitamente colorida, de Homero; a multiplicação de um infinidade de princípios, toda esta representação de que um objeto singular é algo que verdadeiramente subsiste para si, que é uma força para si, autônoma e acima das outras, é superada, e, assim, afirma-se que só existe um universal, o ser universal em si e para si, a intuição simples e sem fantasia, o pensamento de que apenas o um é. (...). O ponto de vista filosófico é que somente o um é a realidade verdadeiramente efetiva: o real deve se tomado aqui em sua alta significação – na vida cotidiana [ao contrário] chamamos tudo de real”.
Depois de Tales, veio Anaximandro, seu discípulo, para quem não era água e nem qualquer outro elemento, como o ar, o fogo ou a terra, mas uma matéria primeira, indeterminada e ilimitada, que ele chama de Ápeiron. Nesta mudança de concepção, o filósofo alemão Nietzsche, observa que um ser que possui propriedades determinadas, como a água, nunca pode ser a origem e princípio das coisas, daí porque Anaximandro teria concluído que o que é verdadeiramente não pode possuir propriedades determinadas, senão teria nascido e perecido como todas as outras coisas. “Para que o vir-a-ser não cesse, ele precisa ser indeterminado. (...) O ser originário, assim denominado, está acima do