trabalho
DE PLATÃO
Platão nasceu em Atenas em 428 a.C., proveniente de uma família da antiga nobreza; descendia de Sólon por parte da mãe e do rei Codro por parte do pai. Pouco se sabe da sua educação. Segundo Aristóteles, era ainda jovem quando se familiarizou com Crátilo, discípulo de Heráclito e, por isso, com a doutrina heraclitiana. Segundo Diógenes Laércio, teria escrito composições épicas, líricas e trágicas, que mais tarde queimara; mas esta notícia, embora não seja inverossímil, nada tem de seguro. Aos vinte anos começou a frequentar Sócrates e, até 399, ano da sua morte, contou-se entre os seus discípulos. Este ano, todavia, marca também uma data decisiva na vida de Platão.
A POLÊMICA CONTRA OS SOFISTAS
A tese que o precedente grupo de diálogos sugere indiretamente, a unidade da virtude e a sua relação com o saber, põe-se e demonstra-se positivamente no Protágoras em oposição polemica à atitude dos sofistas. A Protágoras, que se intitula mestre de virtude, objeta Sócrates que a virtude de que fala Protágoras não é ciência mas um simples conjunto de habilidades adquiridas acidentalmente por experiência; e é, portanto, um patrimônio privado, que não pode transmitir-se aos outros. Protágoras, para quem as virtudes são muitas e a ciência apenas uma delas, não pode afirmar que a virtude é ensinável; pois que somente a ciência se pode ensinar. Do que decorre que a virtude pode transmitir-se e comunicar-se na medida em que é ciência. Viu-se, a propósito de Sócrates, que a ciência é aqui entendida como cálculo dos prazeres e o seu conceito continua, portanto, preso à letra do ensino socrático. Porém, já este diálogo mostra que Platão não se limita de ora em diante à frustração dos conceitos que Sócrates colocou na base da vida moral; mas, contrapondo a doutrina de Sócrates à dos sofistas, projeta sobre a figura do mestre a mais viva luz que brota da polêmica. O Protágoras recusou ver no ensino sofístico qualquer valor educativo, e