Trabalho
Charles Chaplin
Tempos Modernos (Modern Times, no original), lançado no ano de 1936, é o nono filme de longa metragem do cineasta britânico Charles Chaplin, que, como de praxe em seus filmes, dirigiu, escreveu o roteiro e atuou como protagonista. Trata-se do primeiro filme de Chaplin a contar com efeitos sonoros, embora seja majoritariamente um filme mudo.
Neste filme, um dos mais críticos da carreira do cineasta, Chaplin discorre sobre a sociedade industrial, o fordismo, o trabalho alienado e o processo de “coisificação” do ser humano, amparado pela obra do sociólogo alemão Karl Marx.
Já nas primeiras cenas do filme, há uma sobreposição de imagens: um rebanho de ovelhas é sobreposto pela imagem de um grupo de trabalhadores saindo de uma estação de metrô e se dirigindo as industrias. Da mesma forma como as ovelhas são animais famosos pela docilidade, os trabalhadores também o são, obedecendo de forma doce e pacifica as estruturas hierárquicas da sociedade industrial.
Pode-se lembrar também que a ovelha é um animal recorrente na tradição judaico-cristã, lembrada como um animal que tem estreita ligação com Deus. Não raro, líderes religiosos referem-se a seus fiéis como “rebanho”, ou “ovelhas”. Aqui, Chaplin nos propõe um questionamento: seria o mercado uma divindade, e os trabalhadores, seus fiéis?
Em seguida somos apresentados ao ambiente de trabalho do Vagabundo (o personagem principal do filme, interpretado pelo próprio Chaplin. No original em inglês, “The Tramp”): uma linha de produção. O trabalho ali consiste tão somente em apertar parafusos. Aqui, já podemos notar a; e isso fica explicito em uma fala do vagabundo: “Teremos uma casa, nem que eu tenha que trabalhar por ela!”. O trabalho é colocado como algo terrível, do qual sempre se deseja fugir. No máximo, é um mal necessário, um meio de se alcançar as coisas que se deseja, e assim alcançar a felicidade, mas nunca uma fonte de felicidade por si só.
Outros exemplos da visão