Trabalho Insid Job
Apesar de se centrar no mesmo tema, o estilo deste documentário difere de outro que lhe é contemporâneo, Capitalismo, uma história de amor de Michael Moore (ver crítica em
Filmes Falados 3). Com Ferguson, não temos a encenação de si próprio por parte do realizador nem a dramatização da ação, com a exceção de uma música off que realça o lado dramático de certas sequências. Sucedem-se as entrevistas a diversas testemunhas, atores principais ou secundários da crise, numa mise en scène mais sóbria, o que, por vezes, pode tornar o filme de
Ferguson mais árduo para o espetador do que o de Moore.
Na sequência de abertura, Ferguson consegue apontar para o cerne da crise: os três bancos islandeses que, após a privatização, chegaram a pedir, no mercado internacional, empréstimos por um valor dez vezes superior ao peso da própria economia islandesa. Como diz o narrador, a Islândia fornece um bom exemplo da especulação neoliberal fora de controlo.
Homens de negócios islandeses pediram empréstimos bilionários sem que os bancos se preocupassem com a sua capacidade de reembolsar os fundos investidos. Neste país, como noutros do hemisfério norte, milhões de cidadãos deixar-se-iam iludir por promessas de dinheiro fácil, nomeadamente através de produtos financeiros complexos. Porém, a sua complexidade dependia excessivamente do contexto, daí advindo a sua fragilidade. Até 2007, as agências de notação davam a nota máxima aos três bancos em questão. É um dos méritos do filme de Ferguson, como do de Moore aliás, apontar para o papel que estas agências têm desempenhado na promoção de um sistema viciado.
Quando os bancos faliram em 2008, o desemprego triplicou em pouco mais de seis meses, o que aponta para a estreita ligação entre este tipo de práticas financeiras e o estado atual das nossas economias. O Estado, enquanto entidade reguladora e controladora da atividade dos bancos, também falhou. Tal aconteceu, entre outros elementos, porque os
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