Trabalho Interno (Insid Job)

661 palavras 3 páginas
Trabalho Interno
Você quer saber tudo sobre a crise econômica de 2008, inclusive os nomes de alguns figurões por ela responsáveis, e em geral poupados pela mídia? Se a resposta é sim, seu filme é Trabalho Interno, de Charles Ferguson, cotado como favorito para o Oscar de documentários. Se o seu negócio for apenas espetáculo cinematográfico puro, bem, nesse caso, a recomendação não pode ser tão enfática.
De fato, o filme começa como um exercício cinematográfico visualmente bem apurado, que conduz o espectador até a pequena Islândia. Mas essa imaginação visual desparece ao longo do filme, quando então Ferguson se concentrará no assunto sem qualquer preocupação de ordem estética. Passa então a acumular entrevista sobre entrevista, com enquadramentos semelhantes, e a desfilar dados e estatísticas – alarmantes. Quer dizer que o filme se torna monótono? Nada disso. A não ser que você não tenha qualquer interesse pelo mundo real, manterá os olhos pregados da tela. E conservará ouvidos bem abertos. O que lá se mostra e diz é do interesse de cada um de nós. Além de ser um dos filmes mais esclarecedores sobre a crise global de 2008, por meio dele o espectador terá uma visão de conjunto da estrutura do capitalismo mundial dos anos 1980 para cá.
Por que começa na Islândia? Porque esse pequeno país europeu, com sua população reduzida, boa seguridade social, baixos índices de criminalidade, educação de ponta, alta tecnologia, foi levado à bancarrota através de um processo pudicamente chamado de “desregulamentação”. Com a flexibilização de regras de investimentos, o que encheu os bolsos dos especuladores, o país foi à ruína. A Islândia era um país socialista? Nada disso. Capitalista, social-democrata. Porém representava, dentro do capitalismo, um sonho de desenvolvimento e bem-estar, ponto final de um processo civilizatório.
A Islândia será, portanto, uma espécie de estudo de caso ideal para entender como o capitalismo financeiro se descolou da base econômica real e

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