Trabalho Felipe
Em 1968, aos 23 anos de idade, época em que eu era estudante e baterista que acompanhava Elis Regina nas suas consagradas apresentações no Palácio dos Festivais em Cannes e no Teatro Olympia de Paris, o Brasil vivia sob uma ditadura militar, e o mundo estava dividido entre capitalistas e socialistas. A China era uma das mais atrasadas e fechadas economias do mundo e a Índia era só um país exótico, com seus gurus e uma espiritualidade que encantava o Ocidente.
Em 1968, o homem ainda se preparava para pisar pela primeira vez na Lua. Ao chegar lá, um ano depois, a Apolo 11 tinha capacidade de armazenamento de informações equivalente a um chip hoje usado em cartões de crédito. Em 1968, as cartas manuscritas, cartões postais e os telegramas ainda eram um meio de expressão e comunicação importante, os empregos podiam ser vitalícios e do funcionário esperava-se principalmente obediência e fidelidade.
Em termos econômicos, os países eram classificados em Primeiro, Segundo e Terceiro Mundo. O terceiro era um bloco marginal no qual o Brasil estava incluído. A porcentagem de pobres no planeta ultrapassava 60% da população total e a expectativa média de vida era 56 anos. Em 1968 – acreditem – não existia internet, Google e nem o Youtube! Assim era o mundo naqueles tempos.
Esse período de quatro décadas até os tempos atuais, ínfimo em termos históricos, foi palco de transformações assombrosas na geopolítica, na economia, no trabalho, na forma