Trabalho De Sociologia
Ninguém sabe ao certo quantas crianças e adolescentes vivem hoje em abrigos. Abandonados pelos pais e rejeitados por quem quer adotar, a maioria fica ali até os 18 anos, transformando em solução definitiva o que deveria ser uma passagem provisória. Só que, diferentes dos antigos orfanatos, essas casas vão além do 'acolher': quem passa por lá não escapa da dor de crescer longe da família, mas fica mais perto da chance de poder mudar a própria história.
A campainha toca. Duas crianças atravessam um pequeno jardim e entram na sala. Largam as mochilas no chão, rodeiam-se, beijam, abraçam as mulheres que trabalham lá. o garoto começa a contar as novidades da escola. a menina pede colo e bolo. Com voz carinhosa, mas firme, uma das mulheres anuncia que 'bolo, só no lanche', depois do banho, e despacha os dois para continuar conversando com sua visita. A cena só não é idêntica à de qualquer casa porque as mulheres não são mãe dessas crianças . Estamos num abrigo. Parece uma casa e, para milhares de jovens que não contam com suas famílias, realmente é.
Muitas crianças vivem no local onde funciona o abrigo ( ), em Pariquera-açu. Quem não tem parentes divide o espaço com até cinco crianças, separadas por sexo e faixa etária. Nos cômodos, que não são grandes, todos os beliches estão arrumados com colchas coloridas e os armários sem portas chamam a atenção pela organização. Na sala principal, perto da estante de livros, dois pequenos assistem à TV, hipnotizados. Logo ali, uma assistente social dá mamadeira para um bebê, enquanto um grupo de maiorzinhos brinca ao ar livre, num pátio . A cozinha acaba de ser arrumada por uma funcionária.No quarto próxima à copa, meninas de 13 a 15 anos estão se produzindo: uma garota passa sombra nos olhos e brilho na boca, enquanto uma garota penteia o cabelo de outra.
No quintal onde as crianças estão brincando de pega-pega, tem passarinhos no céu , e elas estão