Trabalho de sociologia
VI - CONCLUSÃO:
Em geral, as tragédias clássicas terminam com uma solução violenta do destino e Garrett tinha muita sensibilidade para o gênero trágico, coisa que mostrou não apenas neste romance, mas também no drama “Frei Luís de Sousa”. Faz parte do decoro de uma peça trágica que seus personagens nunca mais continuem vivendo como tinham vivido. Garrett, portanto, terá de dar a seu enredo uma solução que não pareça banal, exatamente para realçar os efeitos do drama que nos acaba de contar. É preciso que os protagonistas desapareçam, ou mudem completamente de vida.
Carlos deixara uma carta para sua prima Joaninha. É uma carta de despedida definitiva, que lançará também alguma luz sobre a psicologia dessa personagem algo estranha, que devota sincero amor a duas mulheres simultaneamente, e que se afasta do pai tão logo o reconhece. Carlos, enfim, não quis recompor a vida com os seus.
Garrett acena com uma explicação cabível. É que os acontecimentos haviam rompido algo no coração de Carlos. Haviam feito que ele não apenas quisesse esquecê-lo totalmente, mas também quisesse converter sua vida em outra coisa, bem contrária ao que fora até então, por exemplo, tornar-se barão (novamente Garrett utiliza a oposição entre frades, que representam o Portugal antigo, e barões, que o representam o capitalismo moderno e sem escrúpulos).
“Homem político, falar muito na Pátria com quem não me importo, ralhar dos ministros que não sei quem são, palrar dos meus serviços que nunca fiz por vontade; e – quem sabe – talvez darei por fim em agiota, que é a única vida de emoções para quem já não pode ter outra”.
Em sua longa carta à prima, em que procura justificar-se, Carlos faz uma reflexão em torno daquilo que tinha sido seu passado recente, e em nome disso quer obter o perdão da prima. Garrett queria encerrar seu romance a parecer convincente e não deixar falhas na intriga. Se Carlos dissesse que simplesmente não queria mais