Trabalho De PA
Constituído por um Museu e um Teatro equipados para receber eventos artísticos de grande porte, o conjunto arquitetônico projetado para o Cais das Artes, de Paulo Mendes da Rocha, em Vitória, tem como característica central a valorização do entorno paisagístico e histórico da cidade. Localizado na Enseada do Suá, numa extensa esplanada aterrada em frente ao canal que conforma a ilha de Vitória, o projeto faz um elogio desse território construído pelo monumental confronto entre natureza e construção, numa cidade cotidianamente animada pela presença do porto, no constante e enérgico trabalho das docas.
Tal elogio, nesse caso, significa a decisão de configurar a esplanada em questão como uma praça aberta ao usufruto da cidade: um passeio público junto ao mar. E ainda, de forma complementar, implica a decisão de suspender os edifícios do solo de modo a permitir visuais livres e desimpedidas desde a praça para a paisagem circundante. Isto é, tanto para o dinâmico espetáculo dos trabalhos no mar, ligados ao porto, quanto para o patrimônio natural e arquitetônico da cidade, no qual se destacam as montanhas de Vila Velha e o Convento da Penha, localizado do outro lado do canal, em frente ao conjunto projetado. Trata-se, portanto, de uma ação arquitetônica orientada urbanisticamente no sentido de adequar história e geografia a uma desejada visão do presente, indicando, ao mesmo tempo, uma concepção museológica que procure associar arte e ciência numa perspectiva integrada.
Residência
Sobre a casa que fez para si no bairro do Butantã, em São Paulo, Paulo Mendes da Rocha disse ter sido ela pensada como “um ensaio de peças pré-fabricadas” (1). A estrutura modulada, o detalhamento mínimo (um só caixilho para todas as aberturas, por exemplo), o sistema estrutural simples e rigoroso, com apenas quatro pilares, duas vigas mestras e lajes nervuradas, foram citados pelo arquiteto como índices de uma racionalidade que se procurou imprimir ao