TRABALHO DE FILOSOFIA A Participa o Pol tica das Mulheres no Brasil
O direito das mulheres de participarem da esfera pública, particularmente das instâncias de decisão, sobretudo o direito de se habilitarem os cargos executivos ou legislativos, foi conquistado através de um longo processo de lutas, sintetizado no chamado "movimento sufragista". Esse direito encontrou, porém, vários obstáculos de ordem material — tempo, dinheiro, subordinação formal à autoridade paterna ou conjugal — assim como de ordem subjetiva — a idéia de que política é coisa de homens, restrições familiares, culpas -, além da realidade a ser enfrentada: os lugares, cargos, vagas para a disputa política já estavam ocupados e estruturados segundo critérios, dinâmicas, valores e referenciais masculinos.
Em alguns casos, tais restrições permaneceram como norma até recentemente. É o caso, por exemplo, da Suíça, que só concedeu o direito de voto às mulheres no início da década de 70. Outro caso surpreendente, já mencionado, é o da França, país considerado o berço da formação política moderna, que só veio a admitir o direito de voto às mulheres em 1944. Com efeito, ao lado dos condicionantes socioeconômicos e culturais de cada país, há imposições históricas e políticas que necessitam serem levadas em consideração ao se analisar a situação das mulheres na política institucional. Em conseqüência dessa exclusão, a presença feminina nos cargos de decisão política, sejam eles atinentes ao executivo ou ao legislativo, é ainda pequena.
Devido à pressão organizada pelos movimentos de mulheres, o problema do acesso aos cargos de decisão passou a ser objeto de atenção de governos e organismos internacionais, resultando em assinaturas de compromissos e programas oficiais de estímulo à participação política feminina. Se muitos desses compromissos não saíram do papel, é fato que o reconhecimento público contribuiu para dar maior visibilidade à sub-representação feminina e tornar a questão um problema da democracia, não uma questão