trabalho de artes
O personagem Leonardo, para Mário de Andrade, se caracteriza como "um bom e legítimo pícaro". No texto introdutório à edição de 1941 o escritor e crítico defende, como se estivesse narrando uma história ficcional, uma associação entre aquilo que é narrado sobre ambos os Leonardos, a própria vida de Manuel Antônio de Almeida e a figura do pícaro, sugerindo semelhanças nos comportamentos, principalmente na maneira de encarar e viver os acontecimentos. Mário de Andrade embasa sua comparação, fundamentado em informações sobre a vida do autor das Memórias. Manuel Antônio de Almeida nascera numa família pobre, sendo o pai um militar e a mãe dona de casa. Provavelmente, a educação que recebeu não tivesse como modelo a educação burguesa, e suas experiências pessoais encontrassem na condição e na cultura das classes populares um respaldo:
Que "pícaro" fora ele também, o nosso Maneco Almeida. Nascera na cidade do Rio de Janeiro a 17 de novembro de 1831: de pai que era tenente apenas e família muito pobre. O menino não teria por certo largos carinhos de educação burguesa, filho de soldado, num tempo em que o serviço da guerra dependia pouco de estudos, ainda menos de boas maneiras e procriava freqüentemente ótimos cantadores de modinhas. O mais provável é que Maneco, além do amor dos pais, tivesse a experiência do ar livre e recebesse o aprendizado da rua. (ANDRADE, 1940, p. 125).
O esboço comparativo entre as aventuras de Leonardo e a trajetória do "Maneco Almeida", apelido atribuído ao autor pelas pessoas íntimas e retomado por Mário de Andrade,