trabalho antropologico
Passar das elites do período antonino do século II e do começo do século III d. C. ao mundo do judaísmo tardio a partir do século II a. C. equivale a deixar para trás uma moral tranquilamente arraigada no sentimento da distância social e penetrar no mundo de uma nação aflita. Já não são as fronteiras que separam uma elite incontestada e coerente de seus inferiores tradicionais situados no núcleo da ansiedade moral, mas a sobrevida da totalidade de um grupo muito distinto.
DA SOLIDARIEDADE…
A perpetuação das tradições de Israel, a lealdade constante dos judeus para com essas tradições e entre si constituem a questão central, comum a personalidades judias tão variadas como os discípulos de Jesus de Nazaré, são Paulo e os sábios rabinos ulteriores, sem falar das experiências comunitárias dos essênios e de Qumran. Raramente se encontra na história do mundo antigo um sentimento tão explícito da necessidade de mobilizar todo o eu a serviço de uma lei religiosa e da necessidade concomitante de mobilizar de modo pleno um sentimento de solidariedade entre os membros de uma comunidade ameaçada.
Mas agora os justos foram reunidos, e os profetas adormeceram, e nós também deixamos a terra, e o Sião nos foi arrancado, e doravante nada mais temos, exceto o Todo-Poderoso e Sua lei. [pág. 228]
Mais raramente ainda se encontra na literatura antiga a expressão clara e persistente do lado sombrio da preocupação de lealdade e de solidariedade, o medo permanente de que os participantes não consigam se dedicar totalmente a uma empreitada tão exigente.
Pois somente por essa lealdade se poderia inverter a infelicidade de Israel:
Se, pois, governarmos e ordenarmos nossos corações, receberemos tudo que perdemos.
O "coração", no qual repousa tão grande esperança, torna-se o objeto de examesmelancólicos e minuciosos. Como engenheiros que, diante da massa incerta de um edifício, se concentram nas menores fendas, observam com atenção as