TORÉ E JUREMA: EMBLEMAS INDÍGENAS NO NORDESTE DO BRASIL
2592 palavras
11 páginas
4_NT_SBPC_25.qxd9/24/08
1:28 PM
Page 43
C U L T U R A I N D Í G E N A /A R T I G O S
OS ÍNDIOS DO NORDESTE O Nordeste etnológico pode ser referido com uma área de colonização antiga do Brasil. Logo no século XVI, a monocultura canavieira se desenvolveu no litoral da região e, em seguida, registra-se a introdução e o desenvolvimento da criação de gado no interior. Aliadas ao sistema de doação de sesmarias, essas experiências colonizadoras tiveram, como principal objetivo, a ocupaRodrigo de Azeredo Grünewald ção efetiva da terra. Para tanto, entre o rio São Francisco até a Serra do Ibiapaba (CE), estabeleceu-se, no início do século XVII, as “gueroré e jurema são os dois principais ícones da indiaras justas” contra os “índios de corso”, isto é, aqueles que assaltavam nidade nordestina. São elementos culturais que, fazendas de gado, engenhos de açúcar e outras unidades de produembora não exclusivos das sociedades indígenas, ção (pp.30-31; 2). codificam a autoctonia dos índios da região NorJá entre a segunda metade do século XVII e a primeira do XVIII, registra-se o estabelecimento das missões religiosas que buscavam indeste do Brasil. O toré é uma tradição indígena de difícil demonstração substantiva por conta da variação semântica e corporar os indígenas ao Estado colonial português. Seus aldeamendas diversas formas de suas realizações práticas entre as sociedades tos, de fato, se propunham não apenas à conversão do “gentio” ao indígenas e fora delas (1). Trata-se, a princípio, de uma dança ricristianismo, mas à assimilação dessa gente às unidades coloniais e seu modo de vida – inclusive através de farta miscigenação. Porém, tual que consagra o grupo étnico. Não se pode, além disso, precisar uma origem do termo e até do ritual do toré pela ausência de ainda no século XVIII as missões jesuítas foram extintas e foi criado
(e também extinto) o Diretório dos Índios, que igualmente visava à narrativas coloniais a seu respeito. O toré ganha