Tolerância
Alfonso Alguiló *
A tolerância, entendida como respeito e consideração pela diferença, como uma disposição para admitir nos outros uma maneira de ser e de proceder diferente da nossa, ou como uma atitude de aceitação do legítimo pluralismo, é, em todos os aspetos, um valor de enorme importância. Estimular neste sentido a tolerância pode contribuir para resolver muitos conflitos e para erradicar muitas violências. E, como uns e outras, são notícia frequente nos mais diversos âmbitos da vida social, devemos pensar que a tolerância é um valor que - necessária e urgentemente - se deve promover. Porém, promover uma aplicação acertada da tolerância é algo extremamente difícil e complexo, que convém analisar com calma, sem banalizar, para não cair em simplificações exageradas. Em primeiro lugar, a tolerância tem a sua justa medida.
Ninguém pensa que se deve tolerar o roubo, a violação ou o assassinato. Nem ninguém pensa de verdade que impor o império da lei ou um sistema de autoridade teria de considerar-se como uma grosseira manifestação de intolerância.
Parece claro que, se nos deixássemos levar por esses erros, acabaríamos sob a lei do mais forte. Seria impossível estabelecer um sistema de Direito ou qualquer tipo de ordenamento jurídico. Seria como a lei da selva. Não haveria forma de viver pacificamente em sociedade. Promover a tolerância não é tolerar tudo, porque é evidente que não se pode permitir tudo.
Por isso, nem sequer o anarquismo mais radical considera a tolerância como algo ilimitado; bastará imaginar uma coletividade humana em que tudo devesse ser tolerado e logo se pensa num caos completo e absoluto.
A tolerância - como a liberdade - deve ter limites. Não é por acaso que todas as análises realizadas a propósito do Ano Internacional da Tolerância insistem em que:
Uma interpretação superficial da tolerância levá-la-ia à ruína: ao ceticismo do vale tudo.
A verdadeira tolerância - como