Um dos preceitos fundamentais da maçonaria é a tolerância. Confesso que essa foi a virtude que mais aprimorei depois de iniciado. Na verdade não aprimorei nada. Venho procurando construí-la dentro de mim, pois antes quase nada tinha de tolerante. Via de regra minha construção mental, própria ou adquirida de outros, era a verdade, a minha verdade pétrea, que jamais admitia a diferente. Foi um reaprender a vida quando me deparei com a dimensão maçônica desse valor humano. Volteire afirmou: ”Não concordo com nenhuma palavra do dizes, mas defenderei até a morte o teu direito de dize-las”. Taí uma síntese fundamental da aceitação, da paciência, enfim, do respeito ao juízo diferente. Tolerar também significa avaliar o conceito de verdade expresso pelo interlocutor, desde que não se contraponha aos fatos, já que nada é mais intolerante do que a certeza de se ter razão. Por outro lado, a certeza de se Ter razão leva ao fanatismo. Fanatismo, como sabemos, é o alicerce dos fundamentalismos, sejam filosóficos, religiosos ou políticos. Todos esse juízos juntos, ministrados, engendram o dogmatismo que leva os homens a matarem-se mutuamente. Como sabemos, além dos interesses materiais houve e há massacres em nome das verdadeiras religiões, pensamentos políticos e ideologias únicas. No limitar deste milênio acredito que se deva ter manifesto que nenhum sistema epistemológico explica ou explicará o mundo em todos os seus sentidos. Daí a importância da tolerância. Agostinho da Silva, pensador português que por muitos anos viveu no Brasil, em um ensaio sobre a tolerância assevera: “nenhum de nós poderá, num momento qualquer, garantir que a sua doutrina seja a que encerre a verdade”...”só a dúvida é boa companheira.” Duvidar, eis o outro nome de filosofar. Filosofia no sentido mais amplo é exatamente não ter formulações acabadas com respostas definitivas para as questões que jamais podem e nem devem ser fechadas e inquestionáveis mentalmente. Um dicionário de filosofia diz