Todo psicoterapeuta é mulher

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Somos seres biologicamente divididos em dois sexos: macho e fêmea. Já socialmente somos construídos a partir de dois gêneros distintos: feminino e masculino. Tal construção, por sua vez, se realiza mediante a dinâmica das relações sociais, afinal os seres humanos, ao menos os humanizados, se constroem em relações com outros seres humanos. A pessoa que habita cada indivíduo é, portanto, em parte, uma encarnação das relações sociais.
O conceito de gênero é prestável para aclarar muitos dos comportamentos dos homens e das mulheres em uma dada sociedade. Sim, há diferenças entre gênero e sexo. Todavia deixemos a diferença sexual no momento de lado, visto que são diferenças que estão em nossos corpos, seja em suas externalidades, seja em suas interioridades. Enfoquemos, pois, a alma, ou melhor, o psiquismo humano que constitui a personalidade e a maneira de ser e de se estar no mundo e na vida.
Toda sociedade e/ou cultura cria ideias de como é ser homem e ser mulher. A isto damos o nome de representações de gênero. Homem e mulher, assim, se apresentam biológica e socialmente como opostos e complementares entre si. A construção da masculinidade e da feminilidade são processos correlatos à construção de própria identidade pessoal. Mas igualmente não quero, no pequeno espaço deste texto, ficar aqui a abordar socialmente a questão. Busco questionar em termos psicológicos, embora saibamos que o que chamamos de psicológico é inseparável do biológico e do social.
Psicologicamente falando somos todos duais. A separação do feminino e do masculino não encontra guarida na esfera psíquica. Somos ambos, isto é, masculinos e femininos. E neste sentido Jung foi bastante profícuo e perspicaz. Jung nos fala do anima e do animus, que são opostos inconscientes à persona de um sujeito. Considerando a persona como a forma como nos apresentamos, bem como o papel que assumimos e que por meio dela nos relacionamos com os outros, a persona é um veículo de comunicação entre o nosso interior

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