Para Tocqueville, uma sociedade democrática é uma sociedade individualista, onde cada um tende a se isolar dos outros, com sua família. Decorrente do desenvolvimento desordenado da igualdade, “[...] cada homem buscava em si mesmo suas crenças. E nestas mesmas eras democráticas, buscam todos os seus sentimentos para si próprios”. “O fenômeno particular ao contexto da modernidade, anunciado por Tocqueville, tem como ponto de partida na noção de que a sociedade democrática está fundada no "individualismo". Esta sociedade individualista, apresenta alguns traços comuns, com o isolamento característico das sociedades despóticas, pois o despotismo tende a isolar os indivíduos uns dos outros.O resultado, porém não é a inclinação ao despotismo da sociedade democrática e individualista, pois certas instituições podem impedir o desvio do sentimento corrompido. Essas instituições são associações livremente criadas pela iniciativa dos indivíduos, que podem e devem interpor-se entre o indivíduo solitário e o Estado. Tocqueville concebeu a sociedade totalmente planifica pelo Estado; mas essa administração, que abrangeria o conjunto da sociedade, e que sob certos aspectos se realiza na sociedade que chamamos hoje de socialista, longe de criar o ideal de uma sociedade alienada, que sucede à sociedade despótica, que devemos temer. (...);As sociedades democráticas são, em conjunto, materialistas, o que significa que os indivíduos têm a preocupação de adquirir o máximo de bens deste mundo, e que o objetivo da coletividade é fazer com que o maior número possível de pessoas vivam do melhor modo.Tocqueville lembra, todavia, que como contrapartida desse materialismo ambiente, surgem de vez em quando explosões de espiritualismo exaltado, erupções de exaltação religiosa. Esse espiritualismo que irrompe é contemporâneo do materialismo normalizado e corrente. Os dois fenômenos opostos fazem parte da essência de uma sociedade democrática.
Referências:
COHN, Gabriel. Tocqueville e a paixão