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JORNAL DA UNICAMP Campinas, 23 a 29 de março de 2009
Fotos: Divulgação
Campinas, 23 a 29 de março de 2009
JORNAL DA UNICAMP
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Foto: Antoninho Perri
políticas e sociais criaram a necessidade de constituir uma identidade nacional. É neste contexto que Eunice Katunda merece ser destacada e lembrada. Ela tinha um compromisso social em fazer música brasileira. JU – Em que medida a militância política da compositora foi um obstáculo em sua trajetória? Iracele Lívero – Segundo seus relatos em jornais da época, Eunice se filiou ao Partido Comunista Brasileiro (PCB) em 1934, deixando-o em 1954 em protesto à invasão da Hungria pela União Soviética. Sofreu não somente com o autoritarismo de certas correntes do partido, como também foi afetada no campo pessoal e artístico. Eunice, mesmo na militância, manteve-se fiel aos seus ideais, adotando uma postura contrária às diretivas estéticas e musicais impostas pelo partido. Para expressar-se utilizava técnicas de compor que foram fortemente condenadas pelo PCB. Em carta enviada de Veneza em 1949, Eunice se mostra contrária a estas orientações, assim como no que se refere à menor participação da mulher em relação ao homem – elas eram vistas como “menos evoluídas” politicamente. O seu afastamento do Grupo Música Viva, em meados de 1950, se fez provavelmente por conflitos ideológicos provenientes das interpretações do Manifesto de Praga (1948) e também pela Carta Aberta aos Músicos e Críticos do Brasil (1950). Eunice sofreu as conseqüências do seu engajamento político na época, tanto da esquerda como da direita. Em 1963, em entrevista à Folha da Manhã, declara-se desiludida com a falta de oportunidades e o quanto era difícil ser artista no Brasil. Um concerto seu, pré-agendado no Teatro Municipal, foi sendo adiado ao longo de cinco anos quando a data da apresentação se aproximava. Mesmo desligada do partido, sofreu perseguição política em 1965, ao ser impedida de entrar no Teatro Municipal, na véspera de um