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Luiz Alberto Machado
A exemplo de qualquer categoria profissional, a dos professores também tem o seu jargão próprio, ou seja, um conjunto de expressões que são utilizadas sistematicamente, com uma freqüência muito maior do que em outros segmentos de atividade.
Exemplos típicos são “relação professor/aluno” ou “relação ensino/aprendizagem”. São expressões que muitas vezes são destituídas de sentido se tomadas ao pé da letra, pois há um número considerável de professores que gosta mesmo do espaço acadêmico nos meses de férias – quando não existem alunos. Mas, na sala de aula, frente a frente com os alunos, falam da relação entre professor e aluno como o fator mais importante para o sucesso de sua atividade.
Da mesma forma, só tem sentido falar na relação ensino/aprendizagem quando, de um lado, alguém ensina, e, de outro, alguém aprende. Lamentavelmente, não é exatamente isso que ocorre muitas vezes, pois, de um lado, há um volume significativo de professores que fingem que ensinam, e, de outro, um volume também significativo de alunos que fingem que aprendem.
Outra expressão que professor adora empregar é “paradigma”. Gosta tanto de utilizá-la que ela se tornou uma expressão desgastada, em grande parte, pelo excesso de uso, muitas vezes inadequado.
Não é o caso, por exemplo, de seu uso para explicar as conseqüências da globalização, uma vez que as mesmas representaram, efetivamente, mudanças de paradigmas, com diversos fatores ganhando importância, ao mesmo tempo em que outros tinham sua importância reduzida.
Num artigo elaborado para um seminário promovido pelo Instituto de Engenharia1, o Prof. Eduardo Giannetti abordou esse aspecto de forma brilhante e, dentro do possível sucinta. É em grande parte com base nessa abordagem e em considerações complementares de ordem pessoal que escrevo o presente artigo. Inicialmente, procuro descrever o que entendo por globalização; a seguir, indico os aspectos cuja importância cresceu e os aspectos