The Phantom of the Cinema – Character in Modern Film
Ingmar Bergman
Lloyd Michaels tenta estabelecer neste livro uma ligação entre um determinado tipo de personagem e a reflexividade cinematográfica. O seu projecto é mostrar como certos tipos de personagens são eles mesmos um reflexo do dispositivo cinematográfico. Há “cinema” em certas personagens.
Contrariamente à tradição dos formalistas russos, estruturalistas e pós-estruturalistas, que consideravam as personagens um mero elemento narrativo ao serviço do texto, funcionando apenas enquanto agentes da intriga, Michaels define a personagem como “uma pessoa representada que corresponde por analogia ao nosso entendimento do que uma pessoa é na vida real sem que seja confundível com a realidade.” Dito de outro modo, uma personagem é uma “possibilidade de pessoa” sem que o seja, de facto, na realidade.
Espectros do cinema
Por que o público acredita nas personagens enquanto “possibilidade de pessoas” é que quer saber o que lhes acontece durante o filme. Deste modo, é apropriado que Michaels as considere como “espectros do cinema”. Elas são simultaneamente “representações miméticas, já que reflectem o nosso desejo não-recompensado de contacto humano, e elementos formais da narrativa cinematográfica, já que nos recordam a capacidade que o cinema tem de iludir e revelar.” Segundo Michaels, o cinema é a arte que se baseia ao mesmo tempo na presença e na ausência. No ecrã está algo que foi por um momento real, na altura da filmagem, mas que não está diante de nós ao vivo quando o vemos. Algo que aconteceu quando não estivemos presentes, mas quando estamos já não está lá. O público tem que estar preparado para esta “suspensão da descrença” (suspension of disbelief segundo Samuel Taylor Coleridge) e tem que querer ser iludido.
O cinema e a vida real
Michaels concentra a sua análise em personagens que não são imediatamente reconhecíveis, personagens