The Mill and the Cross
A região de Flanders, onde atualmente se encontram a Holanda e Bélgica, sofreu com a Inquisição, que mantinha controle cruel e violento sobre os protestantes. No quadro (e agora também no filme) está presente a clara intertextualidade com a perseguição aos cristãos do Império Romano, a qual a situação flamenga é associada.
Combinando tecnologias novas e antigas, permite uma visão privilegiada de como o pintor viu seu trabalho, desde a idéia até a conclusão. É possível acompanhar o raciocínio por trás de alguns elementos em destaque na obra, no momento em que ele explica como irá construir o quadro, onde cada personagem deve estar e a simbologia por trás de cada detalhe.
Os cenários escolhidos misturam-se entre o que é real e o que é tinta, permitindo que o espectador veja, em cada cena, em uma pintura diferente. Interromper o tempo não deixa de ser uma das vantagens da pintura. No filme, os protagonistas se movem de forma lenta, sendo que em certos momentos estão completamente parados, integrando uma obra de arte. A falta de diálogos realça estes detalhes fotográficos, juntamente ao jogo de luz e sombras e o fundo das cenas.
O filme deixa a desejar ao tentar mostrar as historias individuais. Seu excesso de organização auxilia na composição artística, mas não consegue transparecer o caos presente, que toma vida somente no momento da crucificação de Cristo.