TEXTUAL Resenha Cr Tica Filme Amor
Como envelhecer? Como enfrentar a inevitabilidade da morte? O que fazemos das nossas vidas enquanto a morte não chega? No filme Amor, vivenciamos de fato a sensação real de que um dia vamos encarar a morte, mas, é claro, é uma situação difícil para a maioria das pessoas. Mas Amor não é apenas mais um filme da categoria drama que tematiza esse sofrimento.
A relação central entre os protagonistas não se baseia em uma história de amor convencional, afinal, trata-se de casal de idosos, que estão encarando a vida no seu fim, vendo seus dias escaparem pelos dedos cansados por terem atravessado todos os problemas que antecedem esse momento. O casal sofre com o aproximar do fim dos seus dias, com a perda das suas faculdades e do interesse da sociedade e da família nas suas pessoas, e resolvem atravessar essa fase juntos e isolados em seu apartamento. No final da vida, percebem que tudo que têm é o amor um pelo outro.
O centro do enredo é a história de Georges e Anne, dois professores de música reformados, com cerca de 80 anos, que gostam de assistir espetáculos musicais. A casa deles é o grande cenário da história, pois representa tudo o que eles são: cúmplices nas coisas mais simples do dia a dia. Eles têm uma rotina organizada e com boa dose de cultura.
A mudança ocorre quando Anne entra em coma e deixa de reconhecer o marido. Ao acordar, não se lembra mais de nada. Começa o desespero na vida dos dois. A esposa tem que ser operada, mas a cirurgia não corre tão bem e os efeitos são devastadores, levando-a a um derrame do lado direito do corpo. O resultado é a falta de mobilidade (Anne passa a andar de cadeira de rodas), além da depressão e do desespero pela possibilidade de ser internada. O apoio de Georges vai além do amor comum, pois, além do cuidado e atenção exclusivos, o marido mantém-se leal até o fim, até a morte, literalmente.
O amor, portanto, retratado no filme, é incondicional, e põe a nu uma promessa clássica do casamento.