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Retórica como depósito de fórmulas adquiridas
Retórica é a arte de convencer.
A retórica é um imenso armazém de soluções codificadas, isto é, de ‘’ fórmulas’’, também reunindo códigos tradicionalmente não catalogados no âmbito das convenções retóricas, a saber:
1) Sintagmas de valor iconográfico fixo: como aparecem nas mensagens figurativas, onde a ‘’natividade’’ é conotada por certa disposição das personagens obedecendo as regras e convenções; a ‘’ realeza’’ sugerida pelo recurso a posições e elementos de arranjo que constituem ‘’ lugar-comum’’, etc.
Exemplos: ‘’as pessoas lavando a sepultura’’ / ‘’ o velório da tia Paula’’ / ‘’a roupa e a maquiagem de Raimunda’’.
2) Conotações preestabelecidas de valor emocional fixos: a bandeira num campo de batalha, o apêlo à família ou ao amor materno, têrmos como ‘’honra’’, ‘’Pátria’’, ‘’coragem’’. A prova de que o têrmo tem valor emocional prefixado está no fato de que uma simples comutação do significante não chega a alterar sensivelmente o significado, como quando se diz ‘’País’’ ao invés de ‘’ Nação’’.
Exemplos: ‘’ o sangue no corpo do Paco ‘’ / ‘’o olhar do Paco olhando pra Paula ( filha ) trocando de roupa ‘’ – olhar maldoso.
3) Provas extratécnicas: isto é, recurso as soluções de efeito emotivo certeiro, ultrapassando o valor comunicacional dos signos.
Exemplos: ‘’o grito de Raimunda ao ver Paco caído no chão ensanguentado ‘’ / ‘’ quando Irene desce a escada e Soledad a vê, grita pensando ser um espírito’’.
Signos e estímulos
Os artifícios próprios para suscitarem emoções não deveriam ser catalogados fora dos sistemas de signos, visto que provocar emoções é também uma das funções dos signos; além dos sistemas de signo, não deveria haver mais do que estímulo. ‘’Uma cebola me faz chorar, a título de estímulo, mas a imagem de uma cena dilacerante só me fará chorar depois que eu tiver percebido como signo.
Exemplos: Raimunda, Paco e a filha Paula >